segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Atitudes e linguagem


por Maria Rita Gramigna

As palavras e as atitudes exercem um poder assustador na vida das pessoas. Podem ajudar a construir uma auto imagem positiva ou destruir sonhos e desejos.

Um pouco do que somos e fazemos hoje deve-se aos estímulos que recebemos dos outros.
Os familiares exerceram influência em nossa infância, professores e mestres na educação formal e na vida profissional os gerentes e líderes com os quais convivemos.


Recentemente, participei de um encontro internacional de líderes em recursos humanos, onde a comunicação interpessoal foi um dos temas mais discutidos.

Neste artigo, pretendo abordar três componentes essenciais neste processo: pessoas, realidade e linguagem.

Pessoas são diferentes umas das outras e enxergam um mesmo fato de forma única. Há casos em que a atitude pessoal facilita a convivência e em outras ocasiões torna a interação um encargo pouco agradável. E é com esta realidade que os líderes precisam aprender a conviver.


Vejamos dois exemplos, muito comuns no cotidiano empresarial:


Situação número um:
* O relacionamento entre as partes está esgarçado. Os envolvidos percebem que há chances de superação e resgate da confiança. Existem abertura e flexibilidade para ouvir e esclarecer possíveis mal entendidos, o que torna o contato mais produtivo. O resultado quase sempre é o retorno da harmonia.

Situação número dois:
* Os problemas de interação são passíveis de resolução, porém uma das partes se mantém inflexível, recusa uma aproximação e mantém a posição de "dono da verdade". Neste caso, as relações permanecem sob um clima de ressentimento e fatalmente afetará o ambiente.


Duas posições existenciais destacam-se nas situações acima: a primeira marcada pela abertura e a última pela inflexibilidade. Ilustram as diferenças individuais e suas conseqüências no clima organizacional. Existe uma crença bastante arraigada nas empresas e que precisa ser repensada: as pessoas devem ser tratadas da mesma forma.

Desconfio da veracidade desta máxima.


A realidade de cada um é interpretada de acordo com sua experiência de vida. Um comentário lúdico e bem humorado sobre o trabalho, para uma pessoa pode ser percebido como um gracejo sem maiores conseqüências e para outra significar uma grave ofensa.


Daí a necessidade do líder desenvolver cada vez mais sua habilidade em comunicação. Cuidados com a linguagem, a forma e o momento são imprescindíveis.


Os atos lingüísticos

Gerentes e líderes de equipes têm ao seu dispor vários tipos de linguagem, uns mais eficientes e outros menos.



As afirmações - descrevem um fenômeno com neutralidade, sem juízo de valor. É a forma mais imparcial no processo de comunicação e a que menos afeta emocionalmente as pessoas.


As declarações - definem a realidade. No ambiente empresarial, quem declara é o presidente, diretor ou gerente. Eles possuem autoridade para tal. Declarações feitas por pessoas que não detém o poder formal, tornam-se inválidas. Faz parte do papel do declarante assumir as mudanças nas regras do jogo.

Os julgamentos - incluem opiniões pessoais influenciadas por valores e crenças. Além das conversas informais, os juízos se estendem no ambiente empresarial, entrelaçando-se aos outros tipos de linguagem.

As solicitações e ofertas - são usadas quando se pretende gerar compromissos na equipe.

As promessas - configuram o futuro. A cada solicitação segue-se uma oferta, atrelada a resultados negociados.



Dicas de utilização dos diversos tipos de linguagem:

As declarações, as solicitações e as promessas, quase sempre vêm acompanhadas de juízos de valor, interferindo em sua finalidade.
Por representar a realidade unilateral, o julgamento dificulta as relações interpessoais e o atingimento do resultado desejado.

* Se o que se pretende é obter a adesão de colaboradores em um projeto específico, deve-se usar a linguagem de solicitação, evitando qualquer crítica ou referência a fracassos do passado. Apontar êxitos, indicar pontos fortes, desafiar para a ação, negociar metas, definir formas de acompanhamento de resultados e qualificar o potencial das pessoas, são atitudes que certamente agirão como fonte de estímulo.
* Se o objetivo da comunicação é declarar mudanças , deve ser anunciada pela autoridade em questão. Nem sempre as mudanças declaradas são aceitas de bom grado pelas equipes. Neste caso, o gerente é o responsável pelo repasse de informações que permitam a compreensão do contexto e pela sensibilização das pessoas.
* A linguagem afirmativa, por ser neutra e auxilia todas as outras.


O juízo de valor faz mais estragos nas relações interpessoais, quando é direcionado para as pessoas.


Frases tais como "você não está se esforçando", "você precisa estar atento" ou "nós nunca planejamos nesta empresa", minam a motivação da equipe.

Meu desafio para os leitores é usar as palavras de forma construtiva e imparcial, eliminando os juízos de valor. Elas são tão poderosas que podem mudar a realidade de uma pessoa.

Para reflexão, o texto de E. Bucklev, "O Garotinho":

Uma vez um garotinho foi para a escola. Ele era bem um garotinho. E a escola era bem grande. Mas quando o garotinho viu que podia ir para a sua sala caminhando diretamente da porta lá de fora, ele ficou feliz e a escola não parecia tão grande assim.

Numa manhã, quando o garotinho estava há pouco na escola, a professora disse:

- "Hoje nós vamos fazer um desenho!"
- "Bom!", pensou o garotinho.
Ele gostava de desenhar. Ele podia fazer todas as coisas! Leões e tigres, galinhas e vacas, trens e barcos... E pegou sua caixa de lápis e começou a desenhar. Mas a professora disse:
- "Esperem. Não é hora de começar!"
E ela esperou até que todos estivessem prontos.
- "Agora", disse a professora, "Nós vamos desenhar flores".
- "Bom!", pensou o garotinho.
Ele gostava de desenhar flores. E começou a fazer bonitas flores com lápis rosa, laranja e azul. Mas a professora disse:
- "Esperem, eu lhes mostrarei como se faz!"
E era vermelha, com a haste verde.
- "Aí!" disse a professora, "Agora vocês podem começar".
O garotinho olhou a flor da professora. Então olhou para a sua. Ele gostava mais da sua flor do que a da professora. Mas ele não revelou isso. Ele apenas guardou seu papel e fez uma flor como a da professora. Era vermelha, com a haste verde.
Outro dia, quando o garotinho abria a porta lá fora, a professora disse:
- "Hoje nós vamos trabalhar com argila!"
Cobras e bonecos, elefantes e ratos, carros e caminhões... E começou a puxar e amassar a bola de argila. Mas a professora disse:
- "Esperem, não é hora de começar."
E ela esperou até que todos estivessem prontos.
- "Agora" disse a professora, "nós vamos fazer uma travessa."
- "Bom", pensou o garotinho.
Ele gostava de fazer travessas. E começou a fazer algumas, de diferentes tamanhos e formas. Mas a professora disse:
- "Esperem e eu lhes mostrarei como fazer uma travessa funda." - "Aí", disse a professora, "agora vocês podem começar".
O garotinho olhou para a travessa da professora. Então, olhou para as suas. Ele gostava mais das suas do que as da professora. Mas não revelou isso. Ele apenas amassou sua argila numa grande bola. E fez uma travessa como a da professora, que era uma travessa funda.
E logo o garotinho aprendeu a esperar e a observar. E a fazer coisas como a professora. E logo, ele não fazia as coisas por si mesmo.
Então aconteceu que o garotinho e sua família mudaram para outra casa numa outra cidade. E o garotinho teve que ir para outra escola. Essa escola era ainda maior do que a primeira. E não havia porta lá fora direto para a sua sala. Ele tinha que subir alguns degraus e seguir por um corredor comprido para chegar a sua sala.
E, justamente no primeiro dia que ele estava lá, a professora disse:
-"Hoje nós vamos fazer um desenho".
- "Bom", pensou o garotinho.
E esperou pela professora para dizer-lhe o que fazer. Mas ela não disse nada, apenas andou pela sala. Quando aproximou-se do garotinho, ela disse:
-"Você não quer desenhar?"
-"Sim", disse o garotinho. "Mas o que é que eu vou fazer?"
-"Eu não sei até que você faça", disse a professora.
-"Como eu farei?", perguntou o garotinho.
- "Por quê" disse a professora, "faça do jeito que você quiser".
- "E de qualquer cor?" perguntou ele.
- "De qualquer cor", disse a professora. "Se todos fizessem o mesmo desenho e usassem as mesmas cores, como eu poderia saber quem fez o que e qual era qual?"
- "Eu não sei", disse o garotinho.
E começou a fazer uma flor vermelha, com a haste verde.



Maria Rita Gramigna

Diretora Presidente da MRG - Consultoria e Treinamento Empresarial.

Como aprendi com um grande amigo e ótimo consultor, todos temos pontos de vista, e estes podem ou não haver concordâncias, mas o importante é que temos que ter em mente que o nosso ponto de vista, é muitas vezes a vista de um ponto de alguém, portanto, procure analisar os dois pontos, tenha empatia, seja cauteloso, tenha paciência, tenha atitude, pois palavras ditas não voltam, e acima de tudo pratique o não julgar.   

É isso ai galera..bjoss
Dani Prem




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